fevereiro 2019 | Para Lá da Kapa

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Glass | Análise do thriller


Glass | crítica
Título: Glass
Realizador: M. Night Shyamalan
Estreia: 17 de janeiro de 2019
Idade que Recomendo: +14 (maturidade, cenas sangrentas)
Género: Ação, Mistério Psicológico, Drama
Duração: 129 minutos

"Glass" é a compilação muito esperada dos filmes "O Protegido" e "Fragmentado". Embora não seja tão consistente como os anteriores, tem um final a destacar.


Para mim, "Glass" está num impasse. Se, por um lado adorei, a história assente na banda-desenhada, recheada de raciocínios invulgares e fascinantes; por outro lado, senti uma lacuna no caráter das personagens (excetuando a do Mr. Glass e a da Dr. Ellie).

"Glass" apresenta um elenco arrebatador, protagonizado por Bruce Willis (David Dunn), James Mcavoy (Kevin e restantes 22 personalidades), Samuel L. Jackson (Mr. Glass) e Sarah Paulson (Dr. Ellie). Houve, contudo, momentos de fraqueza em que os movimentos não foram tão fluídos quanto deviam. 

Em parte, penso que tal se deve à vontade de salientar a genialidade do Mr. Glass. Conseguiram fazê-lo, mas não sem reduzir a perspicácia de David e a magnificência de Kevin. Deste modo, o guião fez jus ao filme "O Protegido", continuando a sucessão de pensamentos e crenças do Mr. Glass e do David. Porém, degrada a visão distorcida e macabra apreciada em "Fragmentado", rebaixando a mente complexa que era Kevin e as suas 22 personalidades.

Glass | Análise do thriller


Em contrapartida, é de apreciar a humanidade das personagens, tendo todas elas limitações. Onde há uma qualidade arrebatadora, existe um defeito igualmente grande a balanceá-la. A saga "Divergente" dá bons exemplos disso — na medida em que uma pessoa muito altruísta não deve pensar o suficiente em si. 
Cada um destes 3 protagonistas tem alguém que ama, algo típico das BD's e otimamente utilizado no filme, conquistando desde início a compaixão do espectador. O final não teria o mesmo impacto sem eles. E, já que abordamos o final, adianto (sem spoilers) que este foge à regra dos típicos filmes de super-heróis e, só por isto, já dou uma salva de palmas ao realizador. O desfecho não é fantástico, mas cumpre o que promete — ser Anti-MCU (Anti - Universo Cinematográfico Marvel)

"Glass" é a aventura de super-heróis ideal para quem procura uma história cognitiva e com algum caráter.


Sinopse | CONHECE ESTE UNVIERSO ANTI-MCU

O segurança David Dunn é um homem anónimo até ao dia em que se torna o único sobrevivente de um devastador acidente ferroviário. Não percebe porque é que todos os passageiros morreram e ele não sofreu qualquer ferimento. Um desconhecido, que sofre de uma doença de ossos e que é fanático por livros de banda desenhada, começa a persegui-lo. Chama-se Elijah Price e tem uma teoria sobre o sucedido. Em contraponto a estas duas personagens existe Kevin, que sofre de um grave transtorno dissociativo de identidade e que possui dentro de si mais de duas dezenas de personalidades distintas. Quando a Dr.ª Ellie Staple, uma psiquiatra especializada em tratamentos de megalomania, os reúne para estudo, dá início a um perigoso jogo de manipulação em que cada um deles assume um papel inesperado.

Trailer | PREPARA-TE PARA O RACIOCÍNIO BRILHANTE DE MR. GLASS 


Avalio — 3,9/5,0 estrelas


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Genoma — Tamanho VS Número de Genes

Sendo o ser humano uma espécie evoluída, seria de esperar que detivesse pouco DNA não-codificante (comummente designado DNA lixo, que não codifica proteínas).

Curiosamente, verifica-se exatamente o oposto, tendo os seres procariotas a menor percentagem de DNA não-codificante e o ser humano uma das maiores (cerca de 98,8% do nosso genoma é DNA não-codificante!). Há várias teorias a serem propostas para justificar a elevada prevalência deste DNA, como sendo essencial para a integridade da molécula e para a síntese de siRNA (RNA não-codificante envolvido no controlo da expressão génica).

Retirado de https://sandwalk.blogspot.com/

A partir desta imagem, contraria-se o conceito de que quanto mais complexa a espécie, de mais genes ela precisa, mas antes que quanto mais complexo for melhor tem de gerir o seu genoma. Como já referi, algum DNA não codificante tem funções, embora a maioria seja simplesmente um ‘fóssil’. A título de exemplo, uma parte considerável do nosso DNA vêm de vírus, especialmente de retrovírus (como o HIV), e estima-se que componha 5 a 8% do nosso genoma (1).
Nas células procariotas, o genoma não-codificante detém uma baixa percentagem, que aumenta com os eucariotas, consoante o seu nível de complexidade. Assim, a proporção de DNA lixo pode ser utilizada como um meio para avaliar a complexidade duma espécie.

Tamanho do Genoma traduzirá a complexidade de um organismo?


O genoma é a quantidade total de DNA total de uma célula, incluindo os seus genes. O Homo sapiens tem um genoma de 3200 Mb (mega pares de bases = 106). Temos um genoma muito maior que a mosca-da-fruta (180 Mb), mas pouco maior que o rato (2900 Mb) e menor que o arroz (5000 Mb). Ao contrário da proporção de DNA não-codificante, o tamanho do genoma não é diretamente proporcional à complexidade do organismo. De facto, o maior genoma conhecido pertence à Ameba (670000 Mb), um organismos unicelular (2).

Tamanho do genoma

Sequências de DNA Não-Codificante


Para concluir o artigo, irei retomar e concluir o tema das sequências de DNA não-codificante. Como já referi, estas podem resultar em RNA não-codificante (siRNA), regular a molécula de DNA ou apenas constituir zonas de DNA repetitivo. Estas zonas de DNA podem encontrar-se em 2 sítios no DNA:

  • Na região intergénica, ou seja, entre genes;
  • Na região intragénica, isto é, dentro do próprio gene. São comummente designados de intrões, não tendo nenhuma função significativa oficial (embora haja teorias e estudos que revelam que os intrões são essenciais para uma expressão génica eficiente e ainda na composição de RNA não-codificante, 3).

(1) - Belshaw, R., Pereira, V., et al. (2004). Long-term reinfection of the human genome by endogenous retroviruses.
(2) - L.W., Parfrey, D.J., Lahr, L.A, Katz (2008). The dynamic nature of eukaryotic genomes.
(3) - Chorev, M., Carmel, L. (2012). The Function of Introns.

Qualquer comentário construtivo é bem-vindo, quer através da secção dos comentários quer através do e-mail paraladakapa@gmail.com.

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Imagem retirada de University of York

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